"Television and the Elites in Postauthoritarian Brazil"
Abstract
Brazil has never before had political democracy along with mass television. This study deals with two ongoing processes related to this unprecedented combination: television's adjustment to competitive politics and the incorporation of television into the new political order by the power elites. On the one hand, television has immensely expanded its coverage of domestic politics, conquering publics (such as prestige press professionals) who used to despise it as a third-class news-maker. On the other hand, the power elites have come to perceive and employ television as a decisive political resource. The author has reconstructed the recent history (1979-88) of late-night interview and debate ("forum politics") programs, which have consolidated a sizeable space in commercial networks despite their numerically minuscule audience ratings (below one percent). The hypothesis that they are motivated by political interests, rather than commercial calculation, was fully verified. The findings also showed that a) the "forum politics" programs constitute an extension of the political arena and are at the intersection between the interests of the networks, the power elites, and major political journalists in using television as a political resource, and that b) these programs entirely violate the logic of regular television programming. In addition, the research revealed unexplored dimensions of political journalism, the new influence of television in the political agenda, the businesses of television programming and of audience measurements. Finally, this study found that none of the segments involved in maintaining "forum politics" programs (from producers to guests and sponsors) is interested in reaching a larger public. Indications are that these programs do have a wider audience than is assumed but it has been discouraged by the specialized language they employ.
Resumo
Esse estudo trata de dois processos; a de ajustamento da televisão brasileira à democratização do país e o de incorporação da televisão, pelas elites dirigentes, à nova ordem política. De um lado, a televisão expandiu tremendamente sua cobertura sobre política interna, conquistando públicos e setores (como profissionais da grande imprensa escrita) que a discriminavam como fonte de informação de terceira categoria. De outro lado, a televisão passou a ser percebida e utilizada como recurso político decisivo pelas elites dirigentes. Essa pesquisa reconstitui a história recente (1979-88) de programas de debate e entrevistas ("fôros") que se consolidaram no horário noturno e em redes comerciais, apesar de não terem um volume de audiência que os justifique. A hipótese de que eles possuem uma lógica política, e não comercial, se verificou plenamente. Os resultados demonstram que os programas "foros" a) constituem uma interseção significativa entre os interesses das emissoras, das elites dirigentes e de grandes nomes da imprensa escrita, em se utilizar do veículo como recurso político e, b) fogem inteiramente à lógica da programação da televisão brasileira. Além disso, a pesquisa revelou dimensões inexploradas do jornalismo político, da pesquisa de audiências, da comercialização da programação de tarde da noite e da participação da televisão na formação da agenda política. Revelou, por fim, o desinteresse dos agentes envolvidos nos "foros" (de produtores a convidados e anunciantes) em atender ao público real desses programas; um público maior do que o pretendido e ávido de informação, mas que se vê discriminado pela linguagem qualificada adotam.